Dunas

Durante duas semanas, Natal foi palco da residência artística “Dunas – Territórios de Criação Colaborativa”, reunindo criadores de Burkina Faso, Espanha e Brasil no Parque das Dunas e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A programação aconteceu entre os dias 14 a 26 de agosto oferecendo interações entre artistas e público, explorando arte contemporânea, música, natureza e saberes tradicionais por meio de palestras, oficinas, rodas de conversa, mostra de vídeos, apresentações culturais e criação conjunta.

O tema central da primeira edição do DUNAS está associado ao Parque das Dunas, a segunda maior reserva natural em áreas urbanas do Brasil, e ao currículo dos artistas convidados. A escolha de Natal como sede do evento e do Parque das Dunas como local de realização deve-se ao convite de Maurício Panella, conhecido pelo projeto Jornada e pelo Instituto e Estúdio Casadágua, que há 20 anos desenvolve ações e reflexões sobre arte e museu nessa Unidade de Conservação.

O projeto Dunas foi concebido em 2020, durante a pandemia, quando Maurício Panella convidou María Eugenia Salcedo Repolês, ex-diretora artística do Instituto Inhotim, e posteriormente estendeu o convite a Carlos Mineiro e Sandra de Paula, profissionais que também têm passagem pelo Inhotim em Minas Gerais. Atualmente, o projeto conta com uma equipe dedicada de quase 20 pessoas.

Artistas residentes

Josep Cerdá

Doutor em Belas Artes, professor de escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona (UB), é ​​atualmente diretor do Mestrado em Arte Sonora da UB e coordenador do Doutorado na Faculdade de Belas Artes da UB. Foi Reitor da Faculdade de Belas Artes da UB, Diretor do Departamento de Escultura e Diretor do Departamento de Artes Visuais e Design da Universidade de Barcelona. Lecionou em diferentes universidades internacionais, na UNESP em São Paulo no Brasil, UNAM no México, na Universidade de Lisboa, na Universidade Católica do Chile, na UAN na Colômbia, na Universidade de La Paz, na Bolívia, na Universidade das Açores.

François Moïse Bamba (Burkina Faso)

Contador de histórias, ator e promotor cultural do Burkina Faso. Da etnia senoufo e da casta dos ferreiros, os mestre do fogo e do ferro, foi iniciado na arte do conto por seu pai e criado em estreita relação com a tradição da cultura e da arte griot do Burkina Faso. Coletou e reescreveu numerosos contos do Burkina Faso, alguns deles dando origem a CD, DVD e livros publicados na França. Foi por 20 anos diretor artístico do importante Festival Yeleen e, desde 2018 criou e realiza anualmente o FIASSE (antigo FIPI) – Festival Internacional das Artes da Cena e dos Saberes Endógenos. Em seus mais de 20 anos de carreira, figura entre os maiores contadores de histórias da África Ocidental e tem circulado o mundo com suas oficinas, conferências e apresentações, que são um convite a mergulhar na riqueza das culturas de tradição oral desta região do continente africano. Desde 2017 viaja regularmente ao Brasil, em parceria com a artista brasileira Laura Tamiana, com quem criou Ba-kô Burkina Brasil, uma uma ponte cultural e artística entre o Brasil e a África do Oeste, pela porta do Burkina Faso.

mini descrição para card: Contador de histórias, ator e promotor cultural de Burkina Faso. Co-criador da Ba-kô Burkina Brasil.

Konomba Traoré (Burkina Faso)

Nascido em 1947 no Burkina Faso, em uma família da etnia Sénoufo, Konomba Traoré é um homem de múltiplos talentos. Grande defensor das tradições culturais africanas, tesouro humano vivo, ele é músico, escritor, artista plástico, autor-compositor, cantor, musicólogo, professor de música tradicional et construtor de instrumentos tradicionais: balafon, a kora, o donzo n’goni e o djembé. Ele também é adepto das crenças espirituais tradicionais africanas, que ele contribuiu a perpetuar, como mestre. Diplomado pela Escola Nacional de Administração e Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito, ele ocupou diversas funções importantes na administração pública no Burkina Faso. Ele escreveu diversos livros sobre música e contos e um documentário sobre ele foi feito pelo cineasta Porgo Rédo: « Konomba, le destin panaché». Konomba é regularmente convidado para apresentar espetáculos de música e contos, assim como para ministrar oficinas e conferências, e já realizou diversas turnês internacionais na França, Holanda, Bélgica, Benin, Niger, Togo e outros. Esta é sua primeira viagem ao Brasil.

Mauricio Panella (Brasil)

Maurício é antropólogo e artista multimídia. Dedica-se à criação de projetos artísticos multilinguagens e à coordenação de programas transpedagógicos que convidam as pessoas a viver processos imersivos com suas histórias e seus lugares. Seu desafio atual é coordenar o Programa Museal Jornada no Parque das Dunas de Natal, coordenador geral do Dunas.

Helder Vasconcelos (Brasil)

Músico, ator e dançarino, é um dos formadores do grupo musical de Pernambuco Mestre Ambrósio, com quem trabalhou de 1992 a 2003, excursionou pela Europa, Estados Unidos e Japão, tocou nos principais palcos e eventos brasileiros e gravou três CDs.

Credita sua formação ao aprendizado não acadêmico das brincadeiras de Cavalo Marinho e Maracatu Rural e ao estudo da arte do ator com o grupo Lume da Unicamp, Campinas-SP.

Em carreira solo, criou os espetáculos “Espiral Brinquedo Meu” (2004), “Por Si Só” (2007) e “Eu Sou“ (2016). Em parceria com o Batebit Artesania Digital vem desenvolvendo instrumentos digitais de música e dança. É fundador e coordenador do grupo Boi Marinho, que participa do Carnaval pernambucano desde 2000. No cinema, atuou nos longas “Baile Perfumado”, “O Homem que Desafio o Diabo” e “A Luneta do Tempo” e “Entre Irmãs”.

Desenvolve um trabalho de formação, por meio de oficinas, cursos e vivências desde 1998. Atua também na criação de trilhas sonoras e como consultor, preparador, diretor. Como palestrante participou dos TedxUFPE de 2015 e 2017.
Agora em 2023, foi um dos homenageados do bloco carnavalesco O Homem da Meia Noite e do festival Janeiro de Grandes Espetáculos.

Laura Tamiana (Brasil)

Artista multidisciplinar, cantora, compositora e produtora. Paulistana radicada em Recife, é diplomada em Cooperação Artística Internacional pela Universidade Paris 8, França. Em seus mais de vinte anos de carreira, cria e realiza projetos que envolvem a música, as artes da cena, a palavra, as artes visuais e as culturas tradicionais, sempre com o propósito de promover o encontro, a partir de um viés afetivo e de questões em torno de identidade, território, pertencimento e memória. Lançou em 2021 e vem circulando com o projeto Lunar, álbum e espetáculo musical, que fala sobre a inteligência cíclica da vida. Criou Céu e Terra, um diálogo entre as artes visuais e a agroecologia, e co-realiza desde 2009 Retrato: substantivo feminino, uma criação coletiva audiovisual com mulheres de manifestações tradicionais. Integra os grupos do carnaval pernambucano Boi Marinho e Maracatu Piaba de Ouro. Desde 2018 trabalha em parceria com o artista do Burkina Faso François Moïse Bamba, com quem criou Ba-kô Burkina Brasil, uma ponte cultural e artística entre seus países. Atua também como terapeuta sistêmica e conduz grupos e oficinas em torno da natureza cíclica, dos processos criativos e dos cantos brasileiros.

Mari Corrêa

Cineasta e fundadora do Instituto Catitu, Mari Corrêa desenvolve projetos de formação audiovisual como ferramenta de valorização cultural dos povos indígenas. Iniciou seu trabalho audiovisual com comunidades indígenas em 1992, no Parque lndígena do Xingu. Em 2009, Mari Corrêa fundou o lnstituto Catitu – Aldeia em Cena, onde desenvolve projetos com ênfase na apropriação de tecnologias e novas linguagens por povos indígenas, especialmente jovens e mulheres.

Maria Eugenia Salcedo

Maria é gestora cultural, curadora, educadora e pesquisadora da área de museus, arte contemporânea e cultura. Atua na área cultural desde 2002 como educadora, mediadora de museus, artista, professora, palestrante, pesquisadora para diversas instituições. Tendo participado da equipe que deu início aos programas do Instituto Inhotim instituição, ela geriu a equipe educativa integrada por 10 anos e integrou a equipe de curadoria como Diretora Artística Adjunta. Foi consultora educativa na 32a Bienal de São Paulo, Incerteza Viva. María Eugenia recebeu também prêmios como o prêmio Rumos Itaú Cultural: Educação, Cultura e Arte 2008 – 2010. Atualmente pesquisa na prática os diálogos entre arte e ecologia.

Programação

Oficinas

15 a 18
AGOSTO

9:30 às 12:30

“Arte Sonora: Construção de cabeças binaurais” por Josep Cerdá (Espanha)

LOCAL: Oficina das Artes – Parque das Dunas

Inscrições esgotadas

15 a 18
AGOSTO

14:30 às 17:30

“Balafon e a tradição oral de Burkina Faso”, ministrada por Konomba Traoré e François Moïse Bamba (BF), com a tradução de Laura Tamiana (BR)

LOCAL: Oficina das Artes – Parque das Dunas

Inscrições esgotadas

21 a 23
AGOSTO

9:30 às 12:30

Oficina “Pulso-presença”, por Helder Vasconcelos (BR)

LOCAL: Oficina das Artes – Parque das Dunas

Inscrições esgotadas

21 a 22
AGOSTO

14:30 às 17:30

Oficina “Fluxos criativos – a natureza das nossas criações” com Laura Tamiana (BR)

LOCAL: Oficina das Artes – Parque das Dunas

Inscrições esgotadas

Inscrições gratuitas

Palestras

14 AGOSTO

18:00

Arte Sonora com Josep Cerdá (ES)

LOCAL: Auditório do Instituto Ágora (UFRN)

22 AGOSTO

18:00

Arte e Paisagem com Maurício Panella (BR) e María Eugenia Salcedo (BR)

LOCAL: Auditório do Instituto Ágora (UFRN)

Acesso livre

Rodas de conversa

24 AGOSTO

11:30

Pontes culturais e tradições: Diálogos intercontinentais

Com Konomba Traoré (BF), François Moïse Bamba (BF) e Laura Tamiana (BR) (Ba-kô Burkina Brasil) e Fabrice Taio (BJ)

LOCAL: Auditório do Instituto Ágora (UFRN)

25 AGOSTO

16:30

Encontros artísticos, diversidade e acessibilidade cultural

Com representantes da Secretaria Estadual de Cultura e artistas de Natal

LOCAL: Oficina das Artes – Parque das Dunas

Acesso livre

Mostra audiovisual

23 a 25
AGOSTO

18:00

LOCAL: Auditório do Instituto Ágora (UFRN)

Acesso livre

Apresentações culturais

19 AGOSTO

14:30

Cortejo 20 anos Casa Mãe Terra com Nação Zamberacatu (BR)

LOCAL: Escultura pública Casa Mãe Terra – Parque das Dunas

19 AGOSTO

16:00

Contos e lendas do Burkina Faso

Com François Moïse Bamba e a tradução em cena de Laura Tamiana
Convidado especial: Konomba Traoré (Ba-kô Burkina Brasil)

LOCAL: Anfiteatro Pau Brasil – Parque das Dunas

26 AGOSTO

14:30

Cortejo 20 anos Casa Mãe Terra com Helder Vasconcelos (BR)

LOCAL: Escultura pública Casa Mãe Terra – Parque das Dunas

26 AGOSTO

9:00 às 17:30

Ateliê aberto da residência Dunas, territórios de criação colaborativa

Artistas: François Moïse Bamba, Josep Cerdá, Konomba Traoré, Laura Tamiana, Maria Eugenia Salcedo e Mauricio Panella.

LOCAL: Oficina das Artes – Parque das Dunas

26 AGOSTO

16:00

Burkina Brasil – um encontro em música e conto

Com Konomba Traoré, François Moïse Bamba, Laura Tamiana (Ba-kô Burkina Brasil) e artistas convidados

LOCAL: Anfiteatro Pau Brasil – Parque das Dunas

Acesso livre